Energia nuclear em um cenário de trinta anos
Carlos Feu Alvim; Frida Eidelman; Olga Mafra; Omar Campos Ferreira
RESUMO
A perspectiva da Energia Nuclear no Brasil é analisada sob os aspectos demanda, custos, ambiental, tecnológico e estratégico. A demanda energética projetada, mesmo para crescimentos abaixo dos desejados e considerando algum esforço de redução da intensidade energética, mostra a necessidade de adicionar energia térmica à geração elétrica, hoje predominantemente hídrica. A energia nuclear deve ter participação nessa geração por motivos econômicos, ambientais, tecnológicos e estratégicos. Introdução
UMA ANÁLISE do futuro da energia nuclear no horizonte de trinta anos deve comportar ao menos os seguintes aspectos: demanda de energia elétrica, custos comparativos, ambiental, tecnológico e estratégico (incluindo reservas nacionais e não-proliferação). A abrangência dos aspectos tratados exige um tratamento conciso e o suporte de trabalhos anteriores, como é feito neste artigo.
Demanda de energia elétrica
A aplicação pacífica que justifica um programa nuclear no Brasil é, no horizonte estudado, a geração de energia elétrica. A participação da energia nuclear nessa geração depende da demanda energética que, por sua vez, é função do crescimento econômico e das alternativas disponíveis para geração.
O fracasso na estimativa do crescimento econômico foi o ponto fraco dos planejamentos energéticos nas décadas de 1970 a 1990. As sucessivas superestimações do crescimento econômico e da demanda de eletricidade a ele
associada provocaram uma descrença nas ameaças de escassez no suprimento de eletricidade. Isso foi uma das causas do relaxamento no cumprimento dos planos energéticos, o que levou ao desabastecimento em 2001, que ficou conhecido como
"apagão".
As dificuldades de crescimento motivaram parte da equipe da OSCIP (Organização
Social Civil de Interesse Público) Economia e Energia (e&e) a estudar as limitações
ao