Noticiado na última semana e calculado em 7,8 milhões, o número de inscritos no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2013 esconde uma realidade a qual a população nem sempre está ciente. O governo aprovou no ano passado a lei que exige que, até 2016, 50% das vagas do ensino superior seja para cotas econômicas e raciais. Junto à isso, a adesão cada vez maior do ENEM e do SISU (Sistema de Seleção Unificada) como principal forma de ingresso da maioria das universidades do país, são as principais causas do crescente número de inscritos e mostram a tentativa do governo de uma maior democratização do ensino superior. No entanto, como toda medida, tem lá seus pontos a serem discutidos. Embora o ENEM seja realizado com vários fins, a escolha da maioria das universidades de usá-lo no lugar de seus vestibulares tradicionais torna ínfimo o número de quase 130 mil vagas ofertadas pelo SISU em todo o país, comparado ao número de inscritos no processo. A suposta vantagem de poder se inscrever, usando a nota do ENEM, em cursos pelo Brasil inteiro sem precisar sair de sua cidade local, se opõe ao fato de que a concorrência se torna absurdamente mais elevada, fazendo com que os candidatos locais tenham cada vez menos possibilidades de conseguir uma vaga em sua própria cidade (só pra citar um exemplo, o relatório de mobilidade do último SISU, feito pelo MEC, mostrou que das 37 matrículas de medicina feitas no Acre até maio, apenas duas eram de estudantes acrianos). Outro ponto discutível do sistema, e ainda mais polêmico é o troca troca absurdo realizado pelos estudantes durante os 5 dias de inscrição no SISU. Ocorre o seguinte: usando a nota do ENEM para escolher duas vagas em universidades de todo o país, os estudantes são informados periodicamente sobre sua situação na concorrência das vagas durante o período de inscrição. Resultado: estudantes que vêem suas notas sendo insuficientes para entrarem nos cursos realmente desejados, estão migrando suas inscrições para cursos