Encenação do Poemas Sete Faces (Carlos Drummond de Andrade)
Cena 1: “Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.” Desde sempre acreditei que nada que fizesse mudaria meu destino, habitava em mim um sentimento de que o jeito mais fácil, mais simples mais cômodo é melhor que o jeito direito. Acabei criando meu mundo torto, e nele estou fadado a seguir o caminho "gauche" na vida.
Cena 2:“As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos”. Este é meu mundo, onde até as árvores são testemunhas dos desejos humanos e esses desejos tão intensos conseguem por fim até mesmo ao azul do céu. Afinal, a tarde teria um céu azul se não fossem as ganâncias e cobiças humanas que enegrecem o céu com suas fumaças de cigarros e carros, pois um homem para conquistar uma mulher precisa ostentar-se, precisa sujar o mundo e fazer-se brilhar para que sua corrida não seja em vão. Cena 3:
“O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos não perguntam nada.”
Para além dos desejos dos homens há a coletividade, há a massificação de pessoas, transporte em massa, gente que perambula de um lado para o outro, gente brasileira de pernas de todas as cores. Pergunto-me:
Carlos: _"Para que tanta perna meu Deus"? Mas é o meu coração que julga, coração que tem medo, que tem receios que pensa e julga o outro. Os olhos preceptores da razão apenas analisam, não há dúvidas para o mundo mecanizado da razão pela qual os operários, os trabalhadores de um transporte coletivo precisam se deslocar como uma massa pelo bonde.
Cena 4: “O homem atrás do bigode é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos o homem atrás do óculos e do bigode”
Dentro da massa de pessoas vejo um homem entre tantos que