Empresas em crescimento.
Os índices negativos do início do ano escondem um processo de retomada da produção, que deve culminar com um desempenho mais robusto em 2012.
Por Carla JIMENEZ e Luís Artur NOGUEIRA
Existe uma metáfora clássica utilizada pelos economistas para ironizar a média aritmética calculada a partir de diversos dados econômicos. “Se uma pessoa está com a cabeça no forno e o pé na geladeira, sua temperatura, na média, é boa. Mas, na prática, ela está morta.” No caso da indústria brasileira, a tal média dos indicadores setoriais pode transmitir a sensação de um quadro morto, mas a verdade não é bem essa. Segundo o IBGE, a produção industrial, registrou retração média de 0,5%, entre os meses de novembro de 2011 e janeiro deste ano. Dezesseis dos 27 setores pesquisados, porém, apresentaram resultados positivos. Fábrica da Embraer, em São José dos Campos: crescimento em 2012, com cenário mais ameno no Exterior.
Em outras palavras: ao contrário do que a média dos números possa indicar, existe uma parte da indústria que não está olhando pelo retrovisor, e procura avançar, aproveitando a combinação entre ganho de renda, multiplicação do crédito e juros em queda. “Estamos no País, onde todo mundo gostaria de estar”, diz Gábor Deák, presidente da Delphi Autopeças, de São Paulo, que faturou US$ 1,2 bilhão, em 2011 e prevê um crescimento real de 3% a 4% neste ano. Deák lembra que os pedidos das montadoras para este mês já estão “substancialmente melhores” que os do primeiro bimestre, lembrando os melhores meses de 2011.
A expectativa positiva para o setor automotivo atenua os números preocupantes de janeiro, quando as montadoras tiveram uma queda de 30,7% na produção em relação a dezembro, um dado que aumentou ainda mais o azedume dos pessimistas de plantão. O recuo, porém, teve como fonte uma parada estratégica das fábricas para adaptar-se à mudança de motores dos caminhões, que passam a adotar uma tecnologia menos poluente a partir do próximo