Empresa cidadã
Empresa cidadã seria aquela que poria o interesse da nação acima de seus próprios interesses? Então, por que as empresas demitem os seus empregados e transferem as suas atividades para o exterior?
Ou empresa cidadã é a que respeita as leis do país? Mas isso é uma exigência mínima de vida em sociedade. É a sua obrigação.
Nenhuma empresa tem interesse em trabalhar num ambiente devastado, nem num corpo social em decomposição. Preocupar-se com o ambiente e com a coesão social é também do interesse óbvio de qualquer organização empresarial. Pelo menos, a longo prazo.
Toda empresa funciona em torno de seus interesses. Assim, a expressão empresa-cidadã tende a se tornar uma cortina de fumaça, tão simpática em aparência quanto manipulativa na realidade.
A disseminação do conceito de empresa-cidadã produz uma ideologia empresarial, que é seu discurso de autojustificação, de manipulação publicitária e de formação de imagem.
A implementação desse conceito termina por seqüestrar o bem comum para utilizá-lo na realização dos interesses empresariais específicos, no fundo apenas um eufemismo para dissimular a ganância.
Essa é a função, na maioria dos casos, da expressão empresa-cidadã: o aparelhamento ideológico para a realização dos interesses particularistas da empresa, e não da cidadania, do bem comum, do interesse universal.
A empresa cidadã tende a produzir uma ideologia que é o seu discurso de autojustificação, de manipulação publicitária, de formação de imagem, de seqüestro do bem comum para o seu próprio interesse.
Esta conversa de empresa cidadã não é nem uma conversa mole. É uma conversa oca mesmo, vazia de conteúdo. É mais um logro que só serve para enganar os tolos, os ingênuos e os desavisados.
Constitui-se uma rematada mistificação todas as enfáticas declarações dos que tentam nos convencer de que a empresa está a serviço dos seus clientes e dos seus assalariados. Isto não é verdade: ela está a serviço de seus acionistas.
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