Empreendedor social
Edição 252 - Out/06 | |
Reverenciado como um dos mais importantes empreendedores sociais da atualidade, Fábio Rosa tornou-se conhecido principalmente por seu trabalho em prol dos "sem-luz" - gigantesco contingente de pessoas de vida apagada, sem rosto, sem futuro. No mundo, dois bilhões de indivíduos (quase um terço da humanidade) são privados de energia elétrica, segundo a Organização das Nações Unidas. No Brasil, 12 milhões, 80% dos quais no campo, conforme dados oficiais do Ministério de Minas e Energia. "Acho que é bem maior. Quase o dobro", diz.A saga do "gaúcho elétrico", como os americanos o chamaram num documentário sobre sua vida e obra, narrado pelo ator Robert Redford, começa em 1982. Recém-formado em Agronomia, "Fábeo Roussa" (na pronúncia de Redford) conversava com produtores rurais em Palmares do Sul, município com economia baseada no cultivo de arroz irrigado, a 78 quilômetros a leste de Porto Alegre. Na época, os políticos pregavam a construção de estradas como forma de solucionar os problemas do campo. Ele constatou, porém, que as prioridades do povo eram outras. Queriam educar os filhos, dar-lhes conforto, mantê-los por perto. Temiam que fugissem para a capital e acabassem favelados. "A gente queria luz elétrica", diz Paulo Sessim, morador do bairro da Casa Velha. "A maioria de nós nasceu e viveu no escuro até o dia em que ele chegou. Não tinha conforto, não podia crescer, investir na produção. Mas, o que mais doía, era ver a meninada ir embora." | Fábio Rosa, segurando um painel solar: aposta em fontes alternativas de energia |
Conforme Fábio comprovou, 70% dos habitantes locais não dispunham de energia. Não progrediam porque os ricos proprietários controlavam o preço da água - eram donos da maioria das represas e canais de irrigação. A saída, segundo ele, era cavar poços artesianos. Mas como tirar água do subsolo sem eletricidade? Decidido a ajudar os moradores, procurou o