Eliseu Padilha
O ministro e o diretor da Eletrobras Valter Cardeal agem para turbinar negócios de uma multinacional – e do próprio ministro
MURILO RAMOS E THIAGO BRONZATTO COM FLÁVIA TAVARES
03/04/2015 00h19 - Atualizado em 03/04/2015 00h23
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O envelope com “Medidas anemométricas”, ou seja, relativas ao vento. A favor dos negócios com a multinacional EDP Eliseu Padilha, ministro da Aviação (à esq.) Valter Cardeal, executivo da Eletrobras (à dir.) (Foto: Adriano Machado/ÉPOCA )
Eram 10h03 de quinta-feira, dia 19 de março, quando o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, abriu a porta de correr de seu gabinete, no 6º andar de um dos prédios comerciais mais luxuosos de Brasília. Estendeu o braço para cumprimentar o engenheiro Valter Cardeal, diretor de geração da Eletrobras, um dos homens fortes do setor elétrico brasileiro e amigo da presidente Dilma Rousseff. Ao perceber a porta se escancarar, Cardeal levantou-se do sofá, com um envelope pardo na mão esquerda (a cena está na foto acima). Padilha e Cardeal trocaram abraços e tapinhas nas costas de forma efusiva. Dentro do gabinete, o ministro sentou-se à cabeceira de uma grande mesa de reuniões, com Cardeal acomodado bem próximo, e pediu o conteúdo do envelope – um documento com as logomarcas daEletrobras/Eletrosul, que apresenta um estudo sobre “Medidas anemométricas (vento)”. Por dez minutos, o ministro, cujo gabinete é enfeitado por maquetes de aviões de carreira, alçou voo como lobista. Fez o vento da burocracia do governo soprar a favor da multinacional portuguesa de energia elétrica EDP Renováveis.
>> Eliseu Padilha: "O que nos interessa são as ruas"
Padilha não caiu de paraquedas na história. A EDP tem interesse em ampliar a geração e a venda de energia de um parque eólico no Rio Grande do Sul, o Cidreira I, para a estatal Eletrobras. Trata-se de um negocião, que inclui Padilha. A EDP tem com o ministro umaparceria comercial