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Apollinaire conta que Rousseau "costumava perambular por Paris recolhendo folhas para copiá-las", apresentou o artista aos pintores Pablo Picasso e a Robert Delaunay; e escreveu diversos poemas, a maioria irônicos, ao "maior artista criador de imagens". Certa vez, bêbado, recitou os seguintes versos sobre as fictícias viagens de Rousseau ao México: "Você se lembra, Rousseau, da paisagem asteca, das mangueiras e dos pés de abacaxi, dos macacos entornando o suco de melancia e do imperador loiro que foi liquidado ali? As pinturas que você fez, você as viu no México, onde o sol vermelho adornava as bananeiras."
Em 1908, Picasso organizou uma célebre festa, em seus estúdio em Montmartre, para Rousseau, com inúmeras gozações e brincadeiras. Tudo começou com a compra que ele fez de Retrato de uma mulher, pintado em 1895, numa loja parisiense de quinquilharias. A imagem, que talvez fosse a de Joséphine, a segunda esposa de Rousseau, foi adquirida por míseros 5 francos e o proprietário pensou que o artista espanhol apenas o tinha feito para reaproveitar a tela.
Nessa celebração, Picasso pendurou o quadro na parede de seu estúdio e convidou a vanguarda artística do início do século que se reuniu, sob lanternas chinesas, bandeirolas, guirlandas e faixas em que proclamava a fama de Rousseau. A gozação prosseguiu durante toda a noite, regada por mais de 50 garrafas de vinho, brincadeiras e canções.
Apollinaire recitou um poema em que exaltava o "glorioso pintor de nossa querida República", enquanto Rousseau, acreditando que seu momento na História da Arte havia chegado, permanecia sentado em um trono improvisado de caixas empilhadas, enquanto uma lanterna pingava cera derretida em sua cabeça.
Quase ao final do encontro, Rousseau se aproximou do artista espanhol e disse, emocionado: "Meu querido Picasso, somos