Educação sexual e identidade de gênero: relações entre as propostas dos pcns e o ensino em sala de aula na disciplina de ciências

Educação sexual e identidade de gênero: relações entre as propostas dos PCNs e o ensino em sala de aula na disciplina de Ciências

Resumo

Este artigo objetiva analisar as propostas dos PCNs para educação sexual na disciplina de Ciências, relacionando-as com a questão de gênero e considerando suas possíveis implicações no ensino em sala de aula. Foi feita uma pesquisa bibliográfica para verificar o que é dito sobre educação sexual nas escolas, juntamente com consultas a trabalhos de teóricos pós-estruturalistas que têm se ocupado com a questão de gênero na educação. Constatou-se que a temática da sexualidade no ensino de Ciências tende a ser abordada sob o ponto de vista biológico, com ênfase em informações baseadas no conhecimento científico.

Palavras chave: Educação sexual, PCNs, ensino de ciências, gênero.

Introdução

“Sempre é útil compreender a contingência histórica dos fatos, ver como e por que as coisas chegaram a ser como são” (FOUCAULT, 2005, p. 42).

A citação de Foucault na abertura deste artigo é pertinente para questionarmos o papel do conhecimento científico difundido na escola, ou seja, como e por que determinado conhecimento adquire um status que o qualifica para ser apresentado a nossos alunos no cotidiano escolar. Poderíamos questionar, então, como e por que certos conteúdos, e não outros, vêm a fazer parte das disciplinas escolares – neste caso, a disciplina de Ciências, mais especificamente em relação à educação sexual.

Sabe-se que, ao longo dos séculos, algumas “verdades” científicas foram abaladas, dando lugar a novas “verdades”. Ainda assim, a Ciência mantém uma espécie de autoridade para designar o que seria válido e útil, vendo-se como capaz de julgamentos objetivos e, talvez, inquestionáveis. No que se refere ao ensino de Ciências, essa objetividade pode levar alunos e professores a aceitarem preceitos inválidos. No caso da educação sexual na escola,