Educação Física
A Educação Física aparece hoje com uma proliferação e diversificação de sentidos e práticas corporais, relacionados ao discurso da saúde, e mesmo que venha em conjunto com o esporte, esse pacote é fortemente orientado para o mercado. O corpo que na modernidade sólida era visto como um corpo produtivo passa nesta transição para a modernidade líquida ao corpo consumidor, flexível e passível a mudanças descartáveis propostas pelos sistemas peritos, o que mais a frente será melhor explicado. Como na fala de Valter Bracht,1 ao fazer referência à mudança societária que hoje passamos, o corpo busca sensações que nunca podem ser plenamente satisfeitas, que levam a uma busca incessante e infindável por sempre novas sensações. O corpo deixa de ser visto apenas como alvo do controle ascético, para ser fonte de prazer.
Neste sentido, o corpo ao se tornar fonte de prazer, a busca pelo sempre novo que sacie o desejo imediatamente é acompanhado com o processo de individualização e privatização das práticas corporais, estas passam a ser totalmente de responsabilidade do indivíduo consumidor. No entanto, se ficam obesos, supõe-se que foi por que não foram suficientemente decididos e industriosos para seguir seus tratamentos; se ficam desempregados, foi porque não aprenderam a passar por uma entrevista, ou porque não se esforçaram o suficiente para encontrar trabalho ou porque são, pura e simplesmente, avessos ao trabalho. Esse é o jogo da auto responsabilidade estimulada no indivíduo, no sentido de alertar de que se uma escolha for errada, será de sua única e exclusiva responsabilidade. “Ser um indivíduo significa não ter ninguém a quem culpar pela própria miséria, significa não procurar as causas das próprias derrotas senão na própria indolência ou preguiça, e não procurar remédio senão tentar com mais e mais determinação (BAUMAN, 2001, p. 48)”. Ligado a isso, ao ser colocado sobre si o olhar