Educação fisica alem da Fisica
Beatriz Vichessi (bvichessi@fvc.org.br)
Foto: Marcelo Kura
A relevância do corpo na escola, visto como uma estrutura a ser desenvolvida e não como algo desprezível ou que atrapalha a aprendizagem, é a questão central de reflexão e de análise do livro Educação de Corpo Inteiro - Teoria e Prática da Educação Física (224 págs., Ed. Scipione, tel. 0800-161-700, 51,90 reais). Elaborada há 20 anos por João Batista Freire, professor doutor em Psicologia Educacional, a obra é um marco na forma de pensar e entender não só a disciplina como também o movimento corporal em todos os planos da relação entre ensino e aprendizagem.
A proposta do autor é romper com a visão de que as crianças têm duas partes distintas - a física e a mental. Ele afirma que o ser humano não somente tem um corpo, mas é um e precisa ser encarado assim, como uma unidade. A sutil diferença desse entendimento colabora com a compreensão de que, para trabalhar corretamente com Educação Física, é importante ir além dos discursos e das questões semânticas que põem em discussão se a instituição tem de se preocupar com a Educação do movimento, para o movimento ou para o não-movimento.
Freire ainda chama a atenção do leitor para a validade e os benefícios do brincar. Ele tem de ser encarado como um instrumento pedagógico que estimula as capacidades relacionadas às dimensões motoras, afetivas, sociais e cognitivas. Ou seja, nada de deixar a atividade reduzida a movimentos vazios e descontextualizados.
Por fim, a obra prova que a Educação da motricidade é responsabilidade de todos na escola (e não só do professor de Educação Física) e que sempre que os educadores promovem a inércia das crianças, imaginando o corpo como um estorvo ou um intruso, estão afirmando, de modo consciente ou inconsciente, a maneira (errada) com que enxergam o mundo e a Educação também.
É fato que, onde os estudantes passam muito tempo tendo de ficar sentados, o que aprendem é exatamente a