EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS
PÚBLICA: UM DIÁLOGO ENTRE PAULO FREIRE E BOAVENTURA SANTOS
Anna Rosa Fontella Santiago - UNIJUÍ
Resumo: Ao tempo em que as políticas educacionais impõem mudanças curriculares na Educação Básica e convocam educadores ao engajamento em projetos pedagógicos capazes de qualificar os conteúdos escolares e melhorar os índices de qualidade da educação brasileira, os conceitos de Educação Popular e Pedagogia Crítica, pregados por Paulo Freire e amplamente divulgados por seus seguidores, merecem ser resgatados para que não se perca de vista a perspectiva popular da escola pública. Com esse intuito o presente artigo - amparado em pesquisa que procura fazer a interface da Educação Popular com uma proposta de educação crítica e emancipatória para a escola pública- traz à reflexão alguns conceitos freireanos fazendo-os dialogar com o pensamento de Boaventura de Souza Santos acerca de uma pedagogia do conflito que, ancorada no paradigma hermenêutico, desestabilize as certezas do pensamento único, resgatando a utopia de uma sociedade mais justa e solidária. Palavras-chaves: emancipação, conteúdo curriculares, hermenêutica; conhecimento.
1.
Introdução
O processo de conhecer faz parte da natureza mesma da educação de que a prática chamada „educação popular‟ não pode fazer exceção. (FREIRE, 2009)
Desde a divulgação dos PCN no final da década de 1990, a política educacional brasileira tem assumido um caráter de flexibilidade e descentralização cuja meta, anunciada nas sucessivas reformas, diretrizes e orientações curriculares em todos os níveis de ensino, é o resgate da dívida histórica com a sociedade brasileira produzida pela exclusão escolar e pela má qualidade da educação oferecida nas escolas públicas. Tais políticas têm induzido os municípios a assumirem responsabilidades com a expansão da educação fundamental e convocado a sociedade a participar da elaboração de projetos pedagógicos nas