Editorial
Quando o rei Charles IV da França desceu à sepultura em 1422, ouviu-se em bom som a expressão “O rei está morto. Viva o rei”. O anúncio tinha como objetivo evitar o interregno até a coração de seu filho, Charles VII. A capa desta edição de IMPRENSA anuncia a morte do jornalismo. E deseja, na reportagem, que viva o jornalismo para que o interregno que nos acomete além de transitório, seja reflexivo, crítico, criativo e inovador na procura de um outro jornalismo a ser desempenhado neste século XXI.
A capa, como bem observou o editor-executivo da revista, Igor Ribeiro, carrega em si uma contradição que, decerto, muitos leitores perceberão: utiliza a imagem dos tradicionais obituários impressos nos diários para publicar a morte do jornalismo. Essa contradição revela muito dos nossos dias e do vazio que acompanha o debate sobre o futuro do jornalismo e da nossa atividade profissional. Os sinais da morte já vêm sendo anunciados há algum tempo: os consumidores querem pagar menos pelos conteúdos, os Estados interferem na informação, a sociedade não se envolve nos acontecimentos que o trabalho das redações divulga, os anunciantes encontram oura formas de diálogos com seus targets, a imprensa não é mais tão protagonista e, entretenimento e informação se mesclam aos novos gêneros e formatos de comunicação. Esses sete sinais foram o ponto de partida para a apuração da matéria, que não apenas traça o diagnóstico – para muitos aparentemente pessimista – mas aponta caminhos no sentido de discutir um novo modelo jornalístico que se alinhe às demandas e necessidades dos cidadãos d século XXI.
Quem ler a reportagem como um texto apocalíptico o fará de maneira equivocada. O objetivo da matéria é discutir as bases do jornalismo nos últimos 100 anos para que nossos leitores adotem uma postura reflexiva frente às inúmeras possibilidades, para que o jornalismo seja, o mesmo. Mas diferente. Essa é uma necessidade urgente.
O jornalismo está