ED FISICA
Eu sempre brinco que a psicanálise, de fato, não é ciência. É um jeito de ver o mundo. No Brasil, a psicanálise ganhou foco junto com os modernistas na Semana de 22. Chegou com a literatura, o que faz todo um sentido já que ela, como as letras, depende da linguagem. Também a psicanálise depende de ser letra. Fonema, som, inconsciente. Recordada a afirmação de Freud de que tudo depende da linguagem, Lacan vai mais longe ao dizer que o próprio inconsciente é estruturado como tal. Língua. Alíngua. O fato é que fala-se em nome de um sujeito (do inconsciente) e não em nome das teorias desenvolvimentistas. E esta é a maior contribuição da psicanálise ao esporte, na medida em que este novo olhar sobre o sujeito traz à baila não apenas um corpo biológico que realiza ações esportivas, mas também um corpo pulsional, que deseja.
Freud vai dizer que o conjunto da atividade psíquica tem por objetivo a busca do prazer e a fuga ao desprazer, sendo que disso resulta que todas as representações associadas às lembranças de experiências desagradáveis tendem a se excluírem do plano da consciência. Assim, no que tange ao esporte, a psicanálise, diferindo-se das teorias desenvolvimentistas, privilegia não a repetição de gestos técnicos, mas a repetição do inconsciente, enfatizando, principalmente as questões relativas ao desejo e ao prazer como princípios que constituem o sujeito e que, por fim, influencia a prática esportiva.
O que se pode tirar disso, é que o inconsciente (estruturado enquanto linguagem) se repete e se traduz num modo de ser do sujeito. É, pois, a janela por onde ele vê o mundo. No esporte esta repetição também se manifesta, e de forma involuntária. É aí que se pode vislumbrar a máxima da psicanálise no esporte, no fato de que o sujeito, no caso o atleta, só pode se dar conta de um fato quando ele é falado. Novamente a questão da linguagem.
Sempre que um sujeito fala, há um outro que o escuta. E é por este