Economia
Crescer com equilíbrio e mudar a política são próximos desafios
LUCIANA COELHO DE WASHINGTON Se na última década foi a epifania de um mundo apolar e a ascensão de atores não estatais, sobretudo no papel de inimigos como a rede terrorista Al Qaeda, nos próximos dez anos é a noção das próprias fraquezas que delineará os desafios dos futuros presidentes dos EUA. O retrato traçado à Folha por alguns dos principais estudiosos da política doméstica e externa americana (e enturvado pelo diagnóstico da saúde financeira do país feito pelo FMI) é menos sinistro do que o de dez anos antes, mas não menos desafiador. Os problemas, se mais mundanos, são também mais profundos e intrincados, dada a radicalização política. A crise econômica que eclodiu em 2008 tornou urgentes dilemas surgidos na esteira dos atentados terroristas do 11 de Setembro e do subsequente envolvimento americano em duas guerras. É preciso conter o avanço da desigualdade social, que atinge níveis históricos nos EUA; pôr as contas do governo em ordem, domando a crescente dívida pública; e investir no deficiente sistema de educação básica, ressalta Isabel Sawhill, acadêmica do centro de estudos Brookings que se tornou referência para Orçamento e pobreza. "Nada disso era realmente grave há dez anos. A desigualdade crescia, mas de modo menos agudo, e havia empregos aos montes", afirma. "A Grande Recessão exacerbou uma situação iniciada antes, com muitas famílias de classe média em dificuldade. As casas estão se desvalorizando, obter crédito não é fácil, o acesso à saúde e à educação encareceu e empregos para os menos escolarizados estão em falta." BOMBA-RELÓGIO Outros desafios --como o aquecimento global, citado por ela, e a necessária reforma imigratória em um país com 11 milhões de não cidadãos, como lembrou Willian Galston, um especialista em governança que serviu a Casa Branca de Bill Clinton-- foram esquecidos sob a "guerra ao terror" e a crise, mas operam como bomba-relógio. Há ainda