Economia
Confira a entrevista.
O pacote de concessões anunciado pela presidente Dilma na semana passada não é uma “privatização completa”, pois privatização “é a transferência da propriedade de ativos”, esclarece Wilson Cano à IHU On-Line. Na avaliação do economista, o pacote anunciado é “uma concessão de serviços públicos”, que tem, à primeira vista, uma “vantagem, pois quebra o monopólio que, por exemplo, a Vale do Rio Doce ostenta no caso da ferrovia de Carajás, onde a empresa é a ‘dona do pedaço’”. Segundo Cano, as concessões também possibilitam mudanças de “ordem administrativa” na gestão dos serviços públicos, pois outras empresas poderão participar da manutenção, construção e exploração de rodovias e ferrovias.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, o professor da Unicamp enfatiza que esse pacote pouco poderá contribuir para reverter o quadro de desindustrialização instalado na economia brasileira. “Ele pouco afeta a indústria, salvo se realmente esses investimentos se realizarem e se implicar necessariamente numa elevação da demanda por trilhos, máquinas, vagões, asfalto etc., demanda que seja fornecida pela economia brasileira”, assinala.
Em sua avaliação, o Brasil vivencia um processo de desindustrialização desde 1994, e o Estado não elabora políticas macroeconômicas que favoreçam a política industrial porque “aceita o jogo internacional”. Ele esclarece: “No final dos anos 1980, o país aceitou o neoliberalismo, aceitou a independência do Banco Central, as regras da Organização Mundial do Comércio – OMC, e parece que não quer brigar com ‘essa gente’ e disputar algo no mercado internacional”.
Segundo ele, o crescimento pífio da indústria nos