Economia
20/12/2011
Artigo: Crise europeia e 'welfare state', por José Pastore
No artigo Legends of Fail (New York Times, 10/11/2011), Paul Krugman argumenta que as generosidades trabalhistas e previdenciárias do welfare state da União Europeia não têm nada que ver com a atual crise. Ele diz que a Suécia é um caso de sucesso econômico apesar das altas despesas com o bem-estar da população.
Robert Solow e outros economistas dizem que os países que estão em crise, além do endividamento excessivo devido ao fiasco do euro, perderam competitividade em razão das generosas políticas de licenças estendidas, jornadas encurtadas, aposentadorias precoces e seguro-desemprego de longa duração. Combinadas com o envelhecimento da população, as baixas taxas de fecundidade e a invasão de imigrantes que necessitam de ajuda, aquelas políticas comprometeram severamente o desempenho das empresas e dos países.
Ouso adicionar que Paul Krugman desconsiderou o fato de a Suécia ter feito muitos ajustes no clássico modelo de welfare state pela via de acordos negociados entre sindicatos e empresas que ajustaram as jornadas aos salários e demais benefícios nos casos de necessidade, garantindo-se, assim, proteções realistas. Na Alemanha, igualmente, o uso de medidas flexíveis é rotina. Os contratos coletivos nacionais são muitas vezes renegociados no nível das empresas. O uso de trabalho temporário, tempo parcial, prazo determinado e da terceirização é livre. O seguro-desemprego foi contido e combinado com treinamentos. O setor público é pequeno.
Nada disso existe nos países que enfrentam a crise atual: Itália, França, Portugal, Espanha e Grécia. Neles as despesas são rígidas e de grande monta. O setor público é inchado e caro. É um tipo de welfare state bem diferente do sueco. Ninguém seria ingênuo a ponto de dizer que o welfare state causou a crise atual. Da mesma forma, ninguém pode negar que esse modelo gera grandes dificuldades para os países pagarem as dívidas.
A solução