Etica no transito
Há um consenso popular de que, no trânsito, as pessoas deixam de ser imprudentes quando “sentem no bolso" as suas infrações. Os responsáveis por as coibirem sabem disto e utilizam este artifício. Estes mecanismos seriam desnecessários se os condutores não agissem como crianças e soubessem diferenciar ética de moral. Os motoristas precisam compreender que ética é o motivo pelo qual agimos e moral é o reflexo da nossa ética. Se encontrarmos uma mala com dinheiro e a devolvermos, estaremos agindo com moral, pois fizemos o que era correto. No entanto é preciso analisar se a ética também estava correta. Caso tenhamos devolvido o dinheiro porque temos consciência de que ele não é nosso, a ética (ou seja, o motivo que nos levou a agir com moral) estará perfeita, porém se o devolvermos pelo receio que descubram que ficamos com o dinheiro, a ética estará corrompida. Portanto é preciso haver consciência de que o custo da nossa falta de ética é muito superior do que simples e ocasionais multas de trânsito. Ético não é alguém demasiadamente correto, e sim uma pessoa adulta que não precisa de um “cercadinho eletrônico” para não romper um limite criado para garantir a sua segurança. As regras de trânsito, que todo aluno de auto-escola aprende, são cada vez mais desrespeitadas e ignoradas. Em uma cidade como Belo Horizonte, já é comum testemunhar várias infrações em um breve passeio pelas ruas do centro. As fotos e jornais mostram isso. O motorista está acostumado a quebrar pequenas regras e a justificar ações imprudentes. “A ética precisa ser aplicada no cotidiano”, avalia o filósofo australiano Peter Singer. Quando decidimos desobedecer as pequenas regras do dia a dia, colaboramos com a criação de uma sociedade onde os valores morais perdem a força e vão se diluindo. O cidadão ético paga impostos, obedece as leis de trânsito e cumpre as regras de convivência, colaborando para a criação de uma sociedade justa.