economia social
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“ Protecção Social para Crescimento Inclusivo : Opções e Perspectivas”
7 – 8 de Maio 2013, Praia – Cabo Verde
A ECONOMIA SOCIAL EM CABO VERDE : entre o público e o privado lucrativo, uma via de autopromoção social e económica das populações mais desfavorecidas.
Jacinto ABREU DOS SANTOS
Praia, Maio de 2013
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1.Ponto de partida e os caminhos trilhados
Cabo Verde não teve no passado, por razões conhecidas de todos, uma tradição de movimentos sociais ou de organização da sociedade civil, com autonomia e liberdade de intervenção na sociedade. No entanto, razões que têm a ver como o processo histórico do povoamento e da construção da Nação cabo-verdiana: da escravatura, passando pela colonização à construção do Estado, os cabo-verdianos foram compelidos a desenvolver formas diversas de solidariedade e de ajuda-mútua, na maioria dos casos, com base num elevado grau de informalidade e sazonalidade. Pode-se ainda afirmar que essas soluções populares foram também expressão da resistência cultural de um povo, na sua luta contra a dominação estrangeira e pela sobrevivência colectiva.
De entre as práticas mais conhecidas, destaca-se o “Djunta-mó” nos trabalhos agrícolas, na pesca, na construção de casa própria, no socorro mútuo, na doença e na morte, gerando práticas de mutualidades de poupança, como a “toto-caixa” ainda praticada, tanto nos centros urbanos, como no meio rural e associações de enterro, com os seus diversos níveis de estruturação ou de formalização. Encontramos ainda formas de solidariedade e de ajuda mútua nas Tabancas e demais festas de romaria. Convém ainda salientar que verificam-se ainda práticas ou expressões de solidariedade espontâneas para acudir a situações pontuais, de natureza individual e ou colectiva.
Com o êxodo rural e o crescente processo de urbanização do país, certas práticas de “djunta-mó” , nomeadamente na agricultura vem caindo em desuso. Aliás o trabalho agrícola, sobretudo