Economia fernando henrique cardozo
1. A Especificidade da Industrialização Dependente
A industrialização brasileira se desenvolve, segundo o autor, em momento e condição distintos daqueles dos países europeus e dos EUA, indicando que lá a industrialização “se realizou através de empresas administradas e organizadas por empresários particulares” (1967, MSAL, p. 84). Essa organização esteve nas mãos de uma burguesia de origem clássica, que se caracterizou por um procedimento conquistador, empreendedor. “Nesse sentido, a burguesia clássica transformou-se não somente na burgeoisie conquerante[1], no plano externo, mas também foi a mola propulsora do desenvolvimento, no plano interno” (1967, MSAL, p. 85), a exemplo da fase imperialista. As condições do desenvolvimento econômico nesses países contaram com uma situação histórica na qual “não se defrontaram com o problema da existência de outros Estados capazes de lhes moverem oposição” (1967, MSAL, p. 85). A presença do estado nacional na fase de acumulação de capital prévia à industrialização, naqueles países, “teve um papel relativamente importante”, mas não substitui a ação e iniciativa burguesas, pois “a forma par excellence em que se desenvolveu o processo econômico foi a empresa privada” (1967, MSAL, p. 85); ademais, esse perfil industrial se organizou “em forma autônoma”, o que permitiu alcançar um “adiantado estágio técnico-econômico” (1967, MSAL, p. 106), quando comparado com o que se processou nos países latino-americanos no início do século XX. Essa diferenciação de padrão tecnológico e financeiro pode ser estabelecida no confronto das industrializações nestes países com a daqueles, originários. Destaca-se nas indicações do autor que a definição do elemento diferenciador das duas ordens de industrialização é dada pela formação de um capital financeiro autônomo e de