Economia Brasiliera
José Márcio Rego & Rosa Maria Marques (org.)
Capítulo 11: Choques externos e desestruturação interna: a recessão de 1981 – 1983
Em 1979 Delfim Netto assume o Ministério do Planejamento e põem em prática, no início, uma política econômica de retomada do crescimento econômico, baseada nos investimentos nos “setores de energia e de substituição de importações de insumos básicos e nas atividades voltadas para a exportação, especialmente a agricultura”. Essa política logo esbarrou na situação mundial desfavorável, devido à crise do petróleo e do aumento dos juros externos neste ano.
Os primeiros anos da década de 1980 foram marcados por uma grave recessão econômica, provocada pela necessidade de se reequilibrar as contas externas, o que resultou na necessidade de se recorrer ao FMI, que exigia o equilíbrio do balanço de pagamentos como garantia de que o país seria capaz de pagar suas dívidas externas. Foi, então, fixadas algumas metas para o ano de 1983: fixação do déficit em transações correntes em US$ 6,9 bilhões; uma taxa de inflação de 78%, obtida pelo controle das contas públicas; e “contenção da demanda agregada via desindexação parcial dos salários”.
Uma política econômica ortodoxa foi aplicada entre o final de 1980 e todo o ano de 1981 – baseada no controle dos gastos públicos, no aumento da arrecadação via tributação e na redução da liquidez e do crédito –, resultando na queda de 4,3% do PIB em 1981, sem que a queda da inflação o acompanhasse. Com isso, a balança comercial voltou a ser superavitária, já que as exportações caíram e as importações aumentaram. Porém, neste ano, os juros externos aumentaram o que, por sua vez, resultou no aumento das despesas com juros da dívida externa. Outra consequência dessa política econômica recessiva foi a queda de 10% da produção industrial.
Durante o ano de 1982 a situação permaneceu grave, principalmente após a moratória mexicana, que resultou na redução do superávit comercial, fruto da