Ecologia Social
Leonardo Boff
Hoje se fala das muitas crises sob as quais padecemos: crise econômica, crise energética, crise social, crise educacional, crise moral, crise ecológica, crise espiritual etc. Se olharmos bem, verificamos que, na verdade, todas as crises se encontram numa fundamental: a crise do tipo de sociedade que criamos a partir dos últimos 400 anos. Esta crise é global porque este tipo de sociedade se difundiu ou foi imposta praticamente no globo inteiro.
Qual é o primeiro sinal visível que caracteriza este tipo de sociedade? É que ela produz sempre pobreza e miséria de um lado e riqueza e acumulação do outro. Este fenômeno se nota ao nível mundial. Aí há poucos países ricos e muitos países pobres. Nota-se principalmente ao nível das nações: poucos estratos beneficiados com grande abundância de bens de vida (comida, meios de saúde, de moradia, de formação, de lazer) e grandes maiorias carentes do que é essencial e decente para a vida. Mesmo nos países chamados industrializados do hemisfério norte, notamos bolsões de pobreza (terceiromundialização no primeiro mundo) como existe também setores opulentos no terceiro mundo (uma primeiromundialização do terceiro mundo) no meio de miséria generalizada.
Por que é assim? As críticas vão denunciar o porquê.
1. Três críticas ao modelo de sociedade atual.
Há três linhas de crítica ao modelo de sociedade atual. Gostaríamos de enunciá-las rapidamente. A primeira linha crítica é feita pelos movimentos de libertação dos oprimidos. Ela diz: o núcleo desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem comum de todos, a participação e a solidariedade entre os humanos. O eixo estruturador está na economia. Ela é um conjunto de poderes e instrumentos de criação de riqueza - e aqui vem a característica básica - mediante a depredação da natureza e a exploração do seres humanos. A economia é a economia do crescimento ilimitado,
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no tempo mais rápido possível, com o mínimo de investimento e a