EAGLETON, Terry. A ideia de cultura
“O conceito de cultura, etimologicamente falando, é um conceito derivado do de natureza.” (pg.9).
“Cultura, aqui, significa uma atividade, e passou-se muito tempo até que a palavra viesse a denotar uma entidade. Mesmo então, provavelmente não foi senão com Mathew Arnold que a palavra desligou-se de adjetivos como “moral” e “intelectual” e tornou-se apenas cultura uma abstração em si mesma.” (pg.10).
““Cultura” denotava de início um processo completamente material, que foi depois metaforicamente transferido para questões de espírito.” (pg.10). “Talvez, “por detrás do prazer que se espera que tenhamos diante de pessoas ”cultas” se esconda uma memória coletiva de seca e fome. Mas essa mudança semântica é também é paradoxal: são os habitantes urbanos que são “cultos”, e aqueles que realmente vivem lavrando o solo não o são. Aqueles que cultivam a terra são menos capazes de cultivar a si mesmos. A agricultura não deixa lazer algum para a cultura.” (pg. 10).
A própria ideia de cultura vem na Idade Moderna a colocar-se no lugar de um sentido desvanecente e transcendência.” (pg.10).
“Se a palavra “cultura” guarda em si os resquícios de uma transição histórica de grande importância, ela também codifica várias questões filosóficas fundamentais. Neste único termo, entram indistintamente em foco questões de liberdade e determinismo.” (pg.11). “Assim, trata-se menos de uma questão de desconstruir a oposição entre cultura e natureza do que reconhecer que o termo “cultura” já é uma tal desconstrução.” (pg.11).
“Se a natureza é sempre de alguma forma cultural, então as culturas são construídas com base no incessante tráfego com a natureza que chamamos de trabalho.” (pg.12).
“O cultural é o que podemos mudar, mas o material a ser alterado tem sua própria existência autônoma, a qual então lhe empresta algo da recalcitrância da natureza.” (pg.13). “Mas cultura também é uma questão de