Durkheim e a divisão do trabalho
2. O professor: intelectual, técnico ou profissional?
Antes de examinar, dos pontos de vista social e escolar, o significado desse papel de intelectuais desempenhado pelos professores e a maneira como eles o exercem, é necessário pôr fim a essa idéia de que eles são técnicos do ensino. Tal idéia é popular especialmente entre os críticos menos familiarizados com a complexidade do trabalho docente e entre os críticos mal-intencionados. Essa questão está relacionada com a do vínculo entre o status profissional do professor e seu papel essencialmente intelectual. Como veremos adiante, alguns trabalhos de
Durkheim sugerem que o reconhecimento do caráter profissional do ensino não está de modo algum em contradição com o reconhecimento de que os professores desempenham a função de intelectuais.
2.1. O professor, um técnico?
O ensino é uma profissão tão paradoxal que quem a exerce deveria possuir, ao mesmo tempo, as qualidades de estrategista e de tático de um general do exército; as qualidades de planejador e de líder de um dirigente de empresa; a habilidade e a delicadeza de um artesão; a destreza e a imaginação de um artista; a astúcia de um político; o profissionalismo de um clínico-geral; a imparcialidade de um juiz; a engenhosidade de um publicitário; os talentos, a ousadia e os artifícios de um ator; o senso de observação de um etnólogo; a erudição de um hermeneuta; o charme de um sedutor; a destreza de um mágico e muitas outras qualidades cuja lista seria praticamente ilimitada