DURKHEIM, A POLÍTICA E O ESTADO
Márcio de Oliveira
A obra do sociólogo francês Emile Durkheim é bastante conhecida do público universitário brasileiro, em particular no campo das Ciências Sociais, embora não sejam numerosos os que se reivindiquem durkheimianos ou que trabalhem a partir de suas perspectivas teóricas.
Do mestre de Bordeaux, temos traduzidas para o português, as obras As
Regras do Método Sociológico (1937)1, Educação e Sociologia (1939),
Sociologia e Filosofia (1970), O Suicídio (1973), Ciência Social e Ação (1975),
A Divisão do Trabalho Social (1977), As Formas Elementares da Vida Religiosa
(1989), Socialismo (1993), Sociologia e Filosofia (1994), Evolução das Idéias
Pedagógicas na França (1995), Lições de Sociologia (2002), Ética e Sociologia da Moral (2003)2 e Pragmatismo e Sociologia (2004).
A relação destes livros traduz, de certa forma, a própria recepção da obra de Durkheim no Brasil. A obra foi inicialmente introduzida no campo do
Direito, freqüentou grande número de “manuais de Sociologia” e desempenhou papel crucial no processo de implantação da Sociologia enquanto disciplina científica e universitária (particularmente na Universidade de São Paulo). A obra de Durkheim foi importante ainda para o estabelecimento do primeiro método, além de ter sido (talvez seja ainda) fundamental nos campos da
Educação e da Pedagogia.
A ordem cronológica das traduções parece indicar, ainda, que a contribuição de Durkheim para temas da Política (ou para a Ciência Política, inclusive para a Ciência Política brasileira) seria de menor importância. Mas isto não seria uma particularidade pátria. Os estudos sobre a moral, o direito e a política de Durkheim, reunidos sob o título de “Lições de Sociologia”, talvez a
Professor de Sociologia da UFPR (Brasil). E-mail: marciodeoliveira@ufpr.br
1
Para efeito deste trabalho, utilizamos a edição de 1977.
2
Neste caso, trata-se não de uma obra, mas da tradução de um artigo “La science positive de la morale en