Drogas
Maurides de Melo Ribeiro
Marcelo Ribeiro, MSc
Introdução
O consumo de substâncias psicoativas sempre possuiu caráter gregário. Isto provocou, desde as primeiras civilizações, o aparecimento de normas e convenções sociais para regular a produção, a distribuição e o modo do consumo
(Escohotado, 1995).
O Código de Hamurabi punia com pena de morte os donos de
tabernas que adulterassem o vinho. Entre os incas, o consumo de folhas de coca era um privilégio dos nobres, ficando o uso pelos servos e soldados condicionado à autorização real. Boa parte dos alucinógenos, como a psilocibina, a mescalina e a dimetiltriptamina (DMT), era consumida dentro de rituais sagrados, regulados pelos líderes religiosos de cada comunidade (Escohotado, 1995; Cashman, 1980).
A partir das Grandes Navegações (século XVI), os europeus entraram em contato com um grande número de substâncias psicoativas e as introduziram progressivamente em suas sociedades, com finalidades médicas ou recreativas
(Escohotado, 1995).
Durante o século XIX, a Europa e os Estados Unidos conviviam
com uma grande variedade de novas drogas, com as quais tinham pouca ou nenhuma identificação cultural levou ao
surgimento
de
(Musto, 1987).
bebidas
A descoberta da destilação do álcool
mais concentradas,
que somada
à
industrialização e a crescente exclusão social urbana, desencadeou uma série de complicações clínicas, psiquiátricas e sociais sem precedentes na história
2003).
(Edwards,
O tabaco, planta originária das Américas, também passou por processo
semelhante (Gately, 2002).
Paulatinamente, da Expansão Européia à Revolução Industrial, as substâncias psicoativas deixaram de ser consideradas elementos divinatórios e lustrais,
reguladas por rituais religiosos, para se converterem em produtos comerciais. O marco deste processo foram as Guerras do Ópio (1839 – 1841), a partir das quais os