Dos direitos da criança em análise
Se te disse
Que te quero
É porque te gosto
É porque te amo
Não te deixo
Eu te sinto
E não te minto.
Cato o teu vento
Sopro por ti.
Lorenzo Giuliano Ferrari 1- Toda criança em análise deve ter direito a um bom psicanalista do infantil. E o que vem a ser um bom “psicanalista do infantil”? É, antes de mais nada, um bom psicanalista. O psicanalista já está o tempo todo envolvido com o infantil, tanto no trabalho com a criança, quanto naquele com o adulto. E para poder trabalhar com crianças, deve ser o primeiro a saber, e o primeiro a saber explicar a quem não o saiba, que não existe psicanálise de crianças. O especialista é o mesmo, já que quando trabalha com adultos, trabalha como quando trabalha com crianças, ou seja, faz análise do infantil. Freud ele mesmo, quando se põe a observar crianças, o faz a partir da observação do infantil no adulto. Ainda há muitos equívocos neste campo. Não são poucos os profissionais que, diante de uma criança, tendem a falar a língua do 'ta-ti-bi-ta-ti" e a agir e pensar como se tivessem diante de si, uma coisinha completamente "pura" e "inocente" no corriqueiro sentido das palavras. Talvez justamente porque a criança desperte o que há de infantil dentro de nós. O trabalho com crianças é sempre um trabalho muito especial, muito sério, e ainda mais sério é o papel do psicanalista, ao qual a criança só é apresentada quando já foi presumido, seja pela família ou pelo professor, um estranhamento, um mal estar a ser averiguado, vigiado, controlado, modificado. O adulto menos avisado tende a associar «pureza» a não presença de sexo, e o sexo, infelizmente, ainda está diretamente ligado primeiramente a «coisa de adulto» e em um segundo momento, por mais que se fale dele, por mais que se busque como orientar e ser