Dor e Cultura
PIMENTA, C. A. M. & PORTNOI, A. G. Dor e Cultura. In: CARVALHO, M. M. Dor: um
Estudo Multidisciplinar. Summus, São
Paulo, 1999, p.159-73
“A quantidade e a qualidade da dor que sentimos é determinada pelas nossas experiências prévias e de quanto bem nos lembramos delas; pela capacidade de entender suas causas e compreender suas conseqüências. Ainda, a cultura em que estamos inseridos tem papel essencial em como sentimos e respondemos à dor”.
(Melzack & Wall, 1991)
Dor no Processo de Socialização
Dor foi considerada como uma emoção por
Aristóteles e como uma sensação por
Descartes. A dor enquanto experiência culturalmente aprendida, embora incluída na definição atualmente aceita sobre dor, não tem sido enfatizada pelos estudiosos do tema.
Cultura pode ser definida como “um complexo de conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras habilidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade”. As culturas são “sistemas de idéias compartilhadas, sistemas de conceitos, regras e significados que subjazem e são expressos nas maneiras pelas quais os seres humanos vivem”. Este conjunto de princípios, implícitos e explícitos, ensina ao indivíduo o modo de
“ver” os fatos, como percebê-los, como vivenciá-los emocionalmente, como lhes atribuir significados e como se conduzir diante deles. A cultura é como uma “lente” através da qual se vê o mundo. A aquisição desta “lente” é gradual e deve-se principalmente à família, ao sistema educacional, às instituições religiosas, aos
modos de produção e às instituições de trabalho (Helman, 1994).
Grande parte dos valores, crenças e atitudes relativos à saúde é adquirida durante a infância no processo de socialização, que é quando os padrões de comportamento característicos de um grupo são aprendidos.
Valores são objetivos sociais considerados como desejáveis de obtenção; são também as normas, princípios ou padrões sociais aceitos e mantidos pelo indivíduo e pela sociedade. Valor é