dor oncologica
“ Dor Oncológica ” não é um diagnóstico, e não constitue uma síndrome própriamente. O que aqui continuarei chamando de “dor oncológica” é, na verdade, a dor resultante da soma, sinergismo ou combinação de múltiplas possíveis causas de dor do paciente com cancer.
A dor oncológica, tanto nas suas características como na sua intensidade, não evolue necessariamente de modo paralelo à doença neoplásica que a originou.
Embora a dor oncológica tenha importância clínica imensa, embora 50 % dos pacientes com cancer e até 90 % dos pacientes com cancer avançado tenham dores realmente importantes, esta dor ainda hoje está sujeita a um número enorme de atitudes, lendas, tabús, crenças populares e mal-entendidos. Para piorar ainda mais, há o fato de que na maioria dos casos, a dor oncológica está relacionada a uma moléstia terminal, com a certeza da morte próxima, e com todas as implicações psicológicas pessoais, familiares, e sociais que isto acarreta. Enumero, a seguir, alguns conceitos ou atitudes hoje considerados ultrapassados (alguns até folclóricos), mas ainda profundamente arraigados em muitas cabeças de médicos e de leigos : “dor intensa requer, necessariamente, medicação por via parenteral”, “a dependência (de opióides) é um risco importante e precisa ser evitada a qualquer custo”, “os opióides tem dose-teto que não deve ser ultrapassada”, “morfina deprime a respiração e encurta a vida”, “dar morfina equivale a desistir de tratar o paciente”, “essa dor não tem jeito mesmo”, “você vai ter que se conformar com essa dor”, “melhor vivo com dor, que morto sem dor”.
De modo geral, vale dizer que, quando bem administrada, a medicação por via oral consegue dominar até 70 % das dores oncológicas. Quando acrescida de medicação por via parenteral e de procedimentos anestésicos, neurolíticos, radioterápicos, etc., pode-se estimar em até