Dom casmurro
TRABALHO DE SOCIOLOGIA DA LITERATURA
Machado de Assis e o Racionalismo Oitocentista:
Rio de Janeiro sob olhos de ressaca
Bruna Cristina Pereira da Silva
A proposta é, resumidamente, apresentar uma análise da obra “Dom Casmurro” de Machado de Assis por um viés sociológico – sob a perspectiva das relações sociais: a forma como se dá a interação entre os personagens; o contexto histórico e social; as relações de poder entre os indivíduos; –, concomitante a isso, tentar revelar uma nova ótica sobre a questão central da narrativa, a dúvida do adultério, tendo como base a composição da personagem Capitu; a mudança sofrida na forma que é retratada e no seu lugar ao longo da trama.
“encarar a realidade exterior como matéria de construção literária” Toda obra literária, assim como quaisquer obras-de-arte, nos leva a uma gama de interpretações diferentes entre si e que, de nenhuma forma, anulam-se. A proposta do presente artigo é, longe de invalidar qualquer sorte de interpretação sobre Dom Casmurro, explorar a perspectiva de uma Sociologia da Literatura sobre a obra. Partindo-se do pressuposto que toda e qualquer forma de arte só se faz passível de sentido dentro de uma sociedade, se faz de suma importância, nesse caso, analisar os nexos da ficção machadiana e a realidade social brasileira, da qual a ficção faz parte e só faz sentido a partir dela. O próprio Romance como um estilo de narrativa só é possível a partir do processo de individualização.
A obra, portanto, não é um retrato ou um documento da realidade de determinada sociedade à sua época, mas, como a lógica das relações sociais são inerentemente incorporadas à obra. A genialidade de Dom Casmurro foi justamente a peculiar e ironica crítica a uma estrutura social profundamente patriarcal e centrada nas desigualdades (tanto que quando desiguais se pretendem iguais acaba não dando certo). que na verdade “a matéria substantiva” está na falta de inclinação de Bento