doido
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica (...)
Carlos Drummond de Andrade
Primeiramente, em "Procura da Poesia" o eu lírico começa expondo o que para ele não deve conter em uma poesia e solicita "Não faças versos sobre acontecimentos",pois para ele a beleza da poesia não está em narrar fatos ou acontecimentos , nem tampouco em revelar os próprios sentimentos do poeta.Isto não é poesia.Para o eu lírico o mais importante para se fazer poesia é saber usar as palavras. Pois "Ela está lá" /"em estado de dicionário".Dessa forma, cabe ao poeta usar sua magia e explorar a riqueza dessa palavra em seu caráter polissêmico.
Anúncios Google O poema deixa claro que a arte de fazer poesia é, sobretudo, dar um sentido inusitado às palavras "Chega mais perto e contempla as palavras./Cada uma/tem mil faces secretas sob a face neutra". Assim, o eu lírico recusa em aceitar inspiração, vislumbres, impressões momentâneas que por ventura venham induzir à poesia.
Concluímos essa análise, relatando que a ideia principal do referido poema é o trabalho paciente e mágico que o poeta faz com as palavras.Assim, o eu lírico deixa explícito que se fazer poesia pressupõe ,antes de tudo, que o poeta compreenda sua arte , lapidando cada palavra sem se deter à melodia ou forma, mas sim, ao sentido e ao contexto literário onde cada palavra vai ser empregada.
Bibliografia
ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião; 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1971.
Ottoni, Cid .Literatura Brasileira IV.Aula 04: Poesia da Inquietação.Tópico 03: A Marina de Rubião e o cachorrinho de Drummond. Disponível em http://www.solar.virtual.ufc.br/.Acesso