Doenças psicosociais
A exacerbação da supercompetitividade, expressa nas relações de trabalho, por meio da valorização daqueles que agüentam e resistem a tudo – “culto do herói”, é geradora por si só de sofrimento, além de ser instrumento de exclusão. Quem não consegue ser “forte” é culpabilizado a nível individual pelo “seu” fracasso, vendo-se aterrorizado pelo risco de perder a permanência no seu posto de trabalho e passar a fazer parte da grande massa dos excluídos.
Assim, o sofrimento mental parece-nos estar intimamente relacionado com a quebra de alguns direitos "naturais" do homem: a liberdade, principalmente.
Para ser enfrentado, o sofrimento psicossocial exige a formação de idéias e necessidades, ideais e sentimentos radicalmente democráticos em todas as instâncias, bem como da abundância de bens materiais. Superá-lo não significa lutar apenas pelo homem racionalmente consciente dentro de instituições democráticas, mas por homens conscientes, livres de ditaduras impostas às suas emoções, ações e pensamentos. Enfrentar o sofrimento psicossocial é devolver ao homem os meios para traçar um caminho pessoal e original na organização de sua vida, meios estes que não se restringem, apenas à capacidade de reflexão, mas à possibilidade de ter esperança e potencializar esta esperança em ação.