Doenças humanas relacionadas ao dna mitocondrial
A primeira doença mitocondrial foi descrita por Ernesteret em 1959, sobre um paciente eutiroideano que apresentava longo histórico de sintomas relacionados a um estado de permanente hipermetabolismo com alterações morfológicas e bioquímicas da mitocôndria (doença de Luft). Somente na década de 1970 é que outras doenças mitocondriais come-çaram a ser descritas, principalmente seus aspectos bioquímicos. O termo “encefalomiopatia mitocondrial” foi introduzido em 1977 por Shapiraet.
Apesar de o conhecimento de que a mitocôndria possui seu próprio DNA (DNAmt) ser antigo (1963), a caracterização completa da seqüência nucleotídica do DNAmt humano só foi desvendada em 1981 por Anderson. Essa descoberta tornou possível fazer a l i g a ç ã o entr e a s a l t e r a ç õ e s b i o q u ími c a s , estruturais e histopatológicas das doenças, até então descritas, com várias mutações do DNAmt. As primeiras descrições de mutações no DNAmt deram-se em 1988, com os trabalhos de Holt e Wallace. Até 1992, apenas 5 mutações haviam sido descritas. Em 9 anos de pesquisa, a partir de então mais de 100 mutações de ponto diferentes foram publicadas (128 mutações descritas até abril de 2001) e muito mais ainda se espera descobrir com o seqüenciamento do genoma nuclear humano, pois o correto funcionamento e a estrutura da mitocôndria dependem da pe r f e i t a integr idade e int e r a ç ão dos dois genomas (mitocondrial e nuclear). As mi t o c ô n d r i a s s ã o o r g a n e l a s i n t r a c i t o p l a s -máticas envoltas por duas membranas e estão presentes na quase totalidade das células eucariontes. A principal função atribuída à mitocôndria é a de prover energia à célula. Estima-se que mais de 90% do ATP necessário aos diversos propósitos biológicos seja produzido por essa organela. Além disso, estão também envolvidas com a biossíntese de pirimidinas e do grupo heme da hemoglobina (por meio de enzimas especí-ficas), bem como com o metabolismo