Doença de chagas
Epidemiologia
A doença de Chagas, primitivamente uma zoonose, passou a constituir problema de
patologia humana, ou seja, uma antropozoonose, a partir da domiciliação dos vetores, des-
locados de seus ecótopos silvestres originais pela ação do homem sobre o ambiente.
A transmissão natural ocorre pela contaminação da pele ou mucosas e pelas fezes dos
vetores – insetos hematófagos estritos, da família Triatominae (Hemiptera: Reduviidae),
conhecidos genericamente por triatomíneos e, vulgarmente, por barbeiro, chupão, fincão,
procotó – com formas infectantes de T. cruzi. Os mecanismos secundários de transmissão
são por via transfusional sangüínea, materno-infantil (transplacentária ou por aleitamen-
to), por via oral, transplante de órgãos e transmissão acidental, mais freqüente pela manipu-
lação de material contaminado em laboratório. Entre essas outras “possibilidades” de veicu-
lação da doença, tem especial importância epidemiológica a transmissão por transfusão de
sangue, que pode levar a doença para áreas sem transmissão natural, inclusive para grandes
centros populacionais, e a transmissão congênita, que pode representar o risco mais dura-
douro de produção de novos casos e de manutenção da endemia chagásica.
A distribuição espacial da doença, limitada ao continente americano – por isso é tam-
bém chamada de tripanosomíase americana – depende da distribuição dos vetores e, além
disso, da distribuição da pobreza e das condições por ela geradas, que determinam o con-
vívio do homem com o vetor, no ambiente domiciliar. A casa mal construída, mal acabada
ou mal conservada e a desinformação são algumas dessas condições, expressão da precária
situação de sobrevivência das populações sob risco. Então, em acréscimo aos determinantes
de natureza biológica ou ecológica, aqueles de natureza econômica e social estão na origem
da produção da