documento1
Pomba d’esp’rança sobre um mar d’escolhos!
Lírio do vale oriental, brilhante! (A)
Estrela vésper do pastor errante! (A)
Ramo de murta a rescender cheirosa!... (B)
Tu és, ó filha de Israel formosa... (B)
Tu és, ó linda, sedutora Hebréia...(C)
Pálida rosa da infeliz Judéia. (C)
Sem ter o orvalho, que do céu deriva! (A)
Por que descoras, quando a tarde esquiva.( A)
Mira-se triste sobre o azul das vagas? (B)
Serão saudades das infindas plagas,(B)
Onde a oliveira no Jordão se inclina?( C)
Sonhas acaso, quando o sol declina,(C)
A terra santa do oriente imenso? (D)
E as caravanas no deserto extenso?(D)
E os pegureiros da palmeira à sombra?!... (A)
Sim, fora belo na relvosa alfombra,(A)
Junto da fonte, onde Raquel gemera,(B)
Viver contigo qual Jacó vivera (B)
Guiando escravo teu feliz rebanho...(C)
Depois nas águas de cheiroso banho (C)
— Como Susana a estremecer de frio —(D)
Fitar-te, ó flor do Babilônio rio.(D)
Fitar-te a medo no salgueiro oculto... A
Vem pois!... Contigo no deserto inculto A
Fugindo às iras de Saul embora, B
Davi eu fora, — se Micol tu foras, B
Vibrando na harpa do profeta o canto... C
Não vês?... Do seio me goteja o pranto. C
Qual da torrente do Cedrón deserto!... A
Como lutara o patriarca incerto A
Lutei, meu anjo, mas caí vencido. B
Eu sou o Lótus para o chão pendido.B
Vem ser o orvalho oriental, brilhante!... A
Ai! guia o passo ao viajor perdido,B
Estrela vésper do pastor errante!... A