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Os fluxos migratórios, na esteira dos processos de globalização, assumiram características originais na atualidade. A lógica que agora se estabelece não é de complementaridade entre as nações, mas de redistribuição dos “problemas” do mundo. Aceitar os imigrantes de “braços abertos”, como se observava durante a Guerra Fria, já não é mais possível, esse é um custo muito alto. Se aceitos, é por que em um determinado contexto são “necessários”,
“úteis” aos interesses de alguém. Assim, é preciso situar tais migrações como sendo reflexo dos desequilíbrios macroeconômicos cada vez mais agudizados por uma ordem que busca crescimento econômico sem desenvolvimento social equitativo. Nesse contexto, as migrações sofreram muito mais alterações qualitativas do que quantitativas, afinal, nas últimas décadas, a relação entre o número total de migrantes e a população mundial tem ficado relativamente estável. Ainda que os números absolutos permaneçam constantes, cada vez mais países estão participando desses movimentos, seja como países de envio ou de recepção. A
partir da intensificação dos contatos interculturais daí resultante, o tema das migrações tem se tornado um campo repleto de conflitos sociais.
Os impactos trazidos pelas migrações são bastante difusos, afetando diversos grupos sociais que, na defesa de seus interesses específicos, passam a pressionar os Estados. Estes, porém, já desprovidos da força e soberania de outrora, não conseguem satisfazer essa pluralidade de demandas e, consequentemente, perdem ainda mais autonomia decisória. Mas mesmo que nos âmbitos econômico e de comunicações, por exemplo, o Estado se mostre timidamente atuante frente às tendências globais, no campo das políticas imigratórias ele é ainda bastante influente; em última instância é ele quem decide quem pode ou não entrar em seu território. Contudo, cabe destacar que seu poder não é mais centralizado, mas encontra-se diluído, sendo suas
decisões