Documento de araxa e teresopolis
Carlos Nelson Coutinho - 1997
Ivete Simionatto. Gramsci: sua teoria, incidência no Brasil, influência no Serviço Social. Florianópolis-São Paulo: Editora da UFSC-Cortez, 1995. 281p.
Nos últimos vinte anos, o italiano Antonio Gramsci foi, certamente, um dos autores estrangeiros mais lidos e debatidos no Brasil. Deveu-se a ele, em grande parte, a renovação do pensamento marxista entre nós, renovação que tornou possível conservar vivo o legado de Marx numa época marcada pela ofensiva das correntes neoliberais e conservadoras. E a influência de Gramsci não se limitou ao terreno da política: suas instigantes categorias ingressaram também na Universidade, tornando-se referência obrigatória para os estudiosos de quase todos os campos das ciências sociais, particularmente os da pedagogia e do serviço social.
O livro de Ivete Simionatto é a primeira tentativa de fôlego no sentido de analisar o itinerário brasileiro de Gramsci, através da reconstrução acurada de sua influência no debate político e universitário de nosso País. Para melhor recompor este itinerário, Ivete inicia o seu trabalho com a exposição das categorias gramscianas que maior impacto tiveram no Brasil (tais como: hegemonia, intelectuais, Estado ampliado, filosofia da práxis, etc.), num capítulo onde revela pleno domínio do pensamento do autor dos Cadernos do cárcere e dos seus principais e mais recentes intérpretes. Na medida em que tais categorias são centrais na teoria de Gramsci, esse capítulo constitui também uma eficiente e atualizada introdução à obra do pensador italiano.
A parte mais original do livro, contudo, parece-me ser precisamente aquela dedicada à influência das idéias de Gramsci no Brasil. Baseando-se em uma ampla pesquisa bibliográfica (através da qual descobriu importantíssimos documentos para recompor o itinerário brasileiro de nosso autor) e em várias entrevistas com os principais protagonistas desse itinerário, Ivete nos relata – no