Do que é capaz a antropologia
Por Juliano Kruger Lessa
Partindo dos pressupostos discutidos por Viveiros de Castro em seu texto intitulado “O Nativo Relativo”, creio que tal indagação quiçá pode ser parcialmente respondida, pois mesmo que se dê ou se espere uma resposta, nada poderá afirmá-la ou “testá-la” se não a própria relação das idéias contidas no discurso antropológico.
Neste discurso, que se dá aparentemente entre o antropólogo e o nativo, se estabelece uma relação de conhecimento, isto é; uma prática dotada de sentido, tanto por parte do antropólogo que busca o entendimento à partir de categorias diversas da do nativo, quanto por parte deste e que por sua vez não diferente daquele, porém em outro nível, articula seu discurso exprimindo por e através desta relação a sua cultura, dando sentido à um outro mundo. Todo conhecimento antropológico de uma outra cultura, portanto, é culturalmente mediado por se tratar a seu modo de uma relação social. A alteridade de sentido proposta neste discurso entre dois sujeitos então se resolve em um “englobamento”.
Neste sentido, a articulação deste discurso se estabelece por uma simetria entre os sujeitos que englobam o mundo.Quero dizer, baseado no autor, que o nativo sempre invoca para o antropólogo a “expressão de um mundo possível”. O outrem (neste caso, o outrem deleuziano) é a “relação absoluta”; não é nem o objeto, nem o sujeito, é uma estrutura que determina e concretiza os personagens do jogo entre o nativo e o antropólogo.Outrem é nas palavras de Viveiro de Castro: “o conceito do ponto de vista, ou seja, a expressão de um mundo possível”. Neste caso, postula-se o primeiro sentido da antropologia, ou talvez os primeiros resquícios para descobrir o que ela é. Para melhor responder seria mais correto formular outra pergunta: O que a antropologia busca? Dentro do contexto dos mundos possíveis, existiria portanto, sujeitos possíveis? Tal é a indagação à qual a