Do caminho, outros
“‘Ser’, pra alguns,é verbo intransitivo;
Para outros, é verbo em transição.’”
‘Nosso maior propósito é descobrir quem realmente somos’, bem, pelo menos foi isso que a minha mãe disse enquanto arrumávamos a nossa - única! - mala para irmos de encontro a uma vida que ficava prá lá, bem pra lá, dos nossos portões. Mamãe sempre que podia ofertava-me conselhos, mas ela nunca contou que a vida nem sempre cumpre suas promessas. E que nem todo final é feliz.
Apesar de algumas coisas terem dado errado, sempre acreditei que essa busca - por caminhos e por nós mesmos - é legítima e, mais do que isso, necessária.
Sei que para a maioria de nós essa descoberta - de trilhas e da alma - acontece de forma suave e progressiva, mas comigo tudo aconteceu de um modo inesperado, impetuoso e agressivo.
Não quero que sinta pena ao ler-me, não reclamo do que me aconteceu, tampouco do que deixei pelo caminho. Aliás, foi essa história que me construiu, tijolo por tijolo, janela por janela. Vivi intensamente as propostas que a vida me ofertou até tornar-me ‘eu’. Foi com o passar dos dias que descobri que sou rocha em beira de rio, pedra que vai alisando, criando formas e contornos de acordo com as marés.
Sabe, respondi à Vida da melhor forma que pude e me desculpei milhares de vezes por cada erro que cometi.
Deixe-me apresentar: - Mariah, prazer.
'Minha filha, isso é mais do que chuva, é o céu nos dando águas de lugares distantes. É Deus recriando a humanidade em nós. '
Ruth
Sempre gostei da chuva. Minha mãe, Ruth, e eu costumávamos sentar na escada dos fundos quando chovia. Ficávamos com as mãos abertas e com os braços estendidos para apanhar as gotas que caiam em nós. As recebíamos como um presente enviado pelo próprio Deus.
- Olhe Mariah! De onde você acha que essa água veio? _ mamãe perguntava. Mas, antes de eu pensar em uma resposta, ela prosseguia:
-Acho que essa água veio da...