Divisão do Trabalho Anatômica
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As regras do método de uma ciência dirigem o pensamento dela numa ordem completamente interna, ou seja, coordenam as relações apenas dessa ciência, sem imbricar em outras disciplinas, apesar de, na realidade, estas estarem intimamente interligadas. Desse modo, as ciências em geral encontram-se num estado de anarquia. Assim, tal situação é ainda mais visível nas ciências morais e sociais, as quais, por estarem desorganizadas, realizam suas investigações como se as diversas ordens dos fatos que estudam formassem outros tantos mundos independentes. Portanto, a partir desse exemplo, fica claro que se a divisão do trabalho não produz solidariedade é porque as relações dos órgãos estão em um estado de anomia, ou seja, elas não estão regulamentadas. Nesse contexto, explica-se esse estado de anomia, afirmando-se que com o tempo, vai-se estabelecendo relações entre as funções sociais, e elas vão se aproximando e acabam por estabelecer uma mútua dependência, por introduzirem-se nos interstícios umas das outras. Dessa forma, por o trabalho estar dividido e as regras resultantes das relações necessitarem umas das outras, tende-se naturalmente a diminuir o espaço que as separam e é estabelecido um estado de equilíbrio, em que há grande solidariedade. Fica evidente, pois, que nesse caso não pode haver um estado de anomia. Por outro lado, se as relações de comunicação entre os órgãos solidários forem opacas ou ainda muito recentes, poucas regras irão surgir, as quais serão vagas e gerais, não havendo relações mútuas de sentido. Em seguida, Durkheim utiliza o exemplo dos mercados econômicos. Sob esse prisma, quanto mais segmentar for o mercado, mais ele será limitado, o que permitirá que os produtores estejam muito próximos dos consumidores, sendo o equilíbrio facilmente estabelecido e a produção regulada por si mesma. Todavia, os mercados que são universais, isto é, que abrangem todos os segmentos da sociedade, cria grandes barreiras entre os produtores e os consumidores,