ditadura

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Além de conduzir os militares ao poder, a nova ordem instituída após a queda do presidente João Goulart, em 31 de março de 1964, foi também decisiva para os rumos do futebol brasileiro. O Estado, reorganizado pelos novos donos do poder, estabeleceu a partir daí uma série de imposições disciplinadoras no universo esportivo. Uma dessas primeiras demonstrações, com vistas a enquadrar nosso futebol às novas diretrizes governamentais, foi o cancelamento, pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), de uma partida entre as seleções brasileira e soviética. A medida, que expressava o zelo anticomunista da chamada linha-dura no poder, desarticulou a aproximação esportiva do Brasil com os países do bloco socialista, iniciada pelos governos anteriores.
Logo em seguida, foi a aproximação da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, que passou a mobilizar o governo. Em princípio, nada havia a temer, pois o Brasil se apresentava como o grande favorito na competição. Chegou-se até a propor a confecção antecipada de uma nova taça - se chamaria Winston Churchill -, já que era dado como certo que a Jules Rimet voltaria com a delegação brasileira para casa, consumando a posse definitiva do troféu. Contrariando a expectativa, a Seleção apresentou um futebol muito aquém de 1958 e 1962 nos gramados ingleses, sendo eliminada nas oitavas-de-final pela seleção portuguesa. De volta ao Brasil, nossos jogadores desembarcaram no Aeroporto do Galeão, vigiados por agentes do Serviço Nacional de Informações (SNI), um dos órgãos da repressão mais atuantes da ditadura.

Acalmados os ânimos e demovidas as intenções governamentais de formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o fracasso brasileiro na Inglaterra, João Havelange, presidente da CBD, impôs uma série de mudanças na estrutura da Seleção, principalmente a partir da criação da Comissão Selecionadora Nacional (Cosena), estrutura esportiva claramente inspirada no modelo militar que caracterizava a política brasileira no

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