Ditadura militar trouxas ensanguentadas
Introdução
Um manifesto implícito feito por um artista contra a ditadura militar de 1964. O presente trabalho analisa a obra Trouxas Ensanguentadas (T.E), do artista luso arte.-brasileiro Artur Barrio (Porto, 1946) no contexto da crise dos anos 1960, período em que países da América do Sul estiveram sob o terrorismo de Estado, como a ditadura militar no Brasil, que impôs a censura inclusive nas artes visuais.
Como prefere o autor, situação/trabalho T.E. foi realizada em três ocasiões, entre 1969 e 1970, quando vigorava o Ato Institucional número 5 (AI-5), deixando aflorar a tensão política vigente por meio da arte.
Desenvolvimento
Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1969.
As Trouxas Ensanguentadas (T.E.), de Artur Barrio, foram apresentadas pela primeira vez no Salão da Bússola, organizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), em 1969.
Numa primeira fase, o fardo, que continha inicialmente pedaços de jornal, espuma de alumínio, um saco de cimento velho, e, posteriormente, um pedaço de carne, donde provinha o sangue, ficou em exposição na área interna do museu durante um mês. Nesse período, os visitantes fizeram toda sorte de intervenção no “lixo”, desde jogar mais detritos sobre a T.E. até lançar dinheiro sobre ela, e ainda escrever palavrões em seu envoltório
Encerrado o período da exposição, Barrio meteu a T.E. dentro de um saco, desses usados para o transporte de farinha, e transportou-a para o jardim do museu, abandonando-a sobre um pedestal de concreto reservado a uma escultura, ação que se deu por volta das 18h.
Nessa fase externa, a recepção da T.E. virou caso de polícia. Relata o artista que, no dia seguinte, ao voltar ao MAM, encontrou os guardas do museu alvoroçados, pois a T.E. havia chamado a atenção de uma rádio-patrulha que fazia ronda no local. Ao ver o objeto não-identificado, os policiais telefonaram para o diretor do MAM querendo saber se aquilo pertencia ao museu. Devido à burocracia