Disturbios do sono
Resumo
A apnéia obstrutiva do sono é uma condição crônica caracterizada pelo colapso repetitivo das vias aéreas superiores, causando hipóxia intermitente, despertares recorrentes e fragmentação do sono. Como conseqüência, pode ocorrer aumento da atividade simpática, inflamação sistêmica, estresse oxidativo e disfunção endotelial, mecanismos implicados em complicações cardiovasculares e distúrbios metabólicos.
Evidências recentes sugerem que a apnéia obstrutiva do sono está independentemente associada ao aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares, incluindo infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. Uma vez que essas doenças estão intimamente ligadas à progressão da aterosclerose, essa observação sugere que a apnéia obstrutiva do sono possa contribuir para a progressão da aterosclerose.
INTRODUÇÃO
AOS é um fator de risco para várias condições cardiovasculares como hipertensão arterial1,2, insuficiência cardíaca congestiva3, acidente vascular cerebral4, doença arterial coronariana5, síndrome metabólica6 e arritmias cardíacas7. Recentemente, a AOS foi associada ao aumento na mortalidade cardiovascular8-10 em pacientes com a forma grave da doença sem tratamento. Além disso, tratamento adequado com CPAP (Continuos Positive Airway Pressure) pode melhorar a sobrevida8. Dessa forma, torna-se essencial o conhecimento das principais repercussões cardiovasculares dos distúrbios respiratórios do sono durante uma avaliação clínica.
Outro achado interessante é o aumento significativo do diâmetro do átrio esquerdo nos indivíduos AOS, em comparação com os não AOS. Os mecanismos envolvidos na ampliação do átrio esquerdo permanecem sob investigação. Oliveira e cols.37 relataram um prejuízo na função ventricular esquerda diastólica em indivíduos com AOS não hipertensos. O aumento na pressão de enchimento ventricular esquerdo poderia dificultar o esvaziamento atrial