Discurso do método
Na primeira parte, Descartes, a partir de sua juventude, encontrou determinados caminhos que o levaram a considerações e máximas dais quais formou um método pelo qual lhe parecia aumentar de forma gradativa o seu conhecimento e de elevá-lo ao mais alto nível a que a mediocridade de seu espírito pudesse alcançar em sua pouca duração de vida, procurando inclinar-se mais para o lado da desconfiança do que para o da presunção. O autor critica a lógica dialética, afirma que ela parte de verdades já conhecidas e é inútil para desvendar novas verdades. Também critica a matemática, pois apesar de fornecer conclusões irrefutáveis, muitas vezes possui regras em demasia, sem nenhum fim prático, sendo muito abstrata. A respeito das outras ciências, por tomarem seus princípios de filosofia, acreditava que nada de sólido se podia construir sobre alicerces tão pouco firmes. No que diz respeito às más doutrinas, julgava já conhecer suficientemente o que valiam para não mais correr o risco de ser enganado, nem pelas promessas de um alquimista, nem pelas predições de um astrólogo, nem pelas imposturas de um mágico, nem pelas artimanhas ou arrogância dos que manifestam saber mais do que realmente sabem. Abandonou totalmente o estudo das letras e decidiu não mais procurar outra ciência além daquela que poderia encontrar em si próprio. Ao se limitar a observar os costumes dos outros homens, pouco encontrava os que o satisfizesse, pois percebia neles quase tanta diversidade como a que notara anteriormente entre as opiniões dos filósofos, de forma que o maior proveito que ele tirou foi não acreditar com demasiada convicção em nada do que lhe havia sido inculcado só pelo exemplo e pelo hábito. Finalmente, chegou à conclusão de que deveria estudar a si próprio e empregar todas as forças de seu espírito na escolha do caminho que iria seguir.
Na segunda parte, estão as principais regras do método.