Direito
Por uma ética da dialogia e da conjugação. * Pressupostos
O ser humano vive em constante busca pela significância, dado que vivemos como expatriados sobre a Terra.
“Para nossas reflexões éticas, partimos de alguns pressupostos: 1. Horizonte kenótico da morte de Deus. Qualquer pretensão ética na atualidade deve levar a sério aquilo que Derrida chamou de horizonte kenótico da morte de Deus, quando tratava de um suposto retorno do Sagrado no mundo de hoje. [...] é a partir do supracitado horizonte que refletimos, uma vez que nosso enfoque ético não quer ser um aparato conceitual antes lança suas raízes no chão da vida que escapa ao poder sintetizante da razão. 2. Pluralismo x Razão aberta. O pluralismo defendido tem repetido a mesma lógica de uma consciência como fundamento do bem e da verdade, lógica violenta por sinal. Assim é que pensamos numa razão aberta, comunicativa, histórica, processual, pública. Uma razão que não possuímos, mas que nos informa num dinamismo infinito, deixando evidente o envolvimento de todo ser humano, de toda diferença, na construção do sentido, num aprendizado mútuo [...]. 3. Racionalidade aberta e humanismo. [...] uma racionalidade aberta, comunicativa, há que considerar o ser humano não como cogito ou mônada, não meramente como consciência ou animal nationalis, mas como mundo que faz parte do planeta Terra. O humanismo só é humanismo autêntico no cuidado com o nosso lar, a Terra, Pátria-Mátria-Frátria que clama por um projeto de sustentabilidade, por uma política de civilização capaz de conjugar o cosmo, a matéria, a vida e o ser humano. 4. Do antropocentrismo ao ecocentrismo. Por último, nossa passagem se dá, como consequência necessária, em direção ao ecocentrismo. [...] Talvez seja possível preconizar uma ética civilizatória entendida como pensamento público do qual todos podem, a priori, participar, uma ética polifônica retroalimentada