Direito
Os defeitos do texto jurídico
Desvios em relação à norma padrão da língua, que comprometem a qualidade do texto. Preciosismo ou arcaísmo
Palavras, expressões e tipos de construção sintática caem em desuso, saem de circulação. Cumprem sua missão em determinados momentos da história e, depois, desaparecem na escuridão dos tempos.
Vossa Mercê me permite um aparte?
O boticário não me recomendou este remédio.
Emocionado, o rapaz deu-lhe um ósculo ardente.
Aceite um forte amplexo desse seu amigo.
Na TV vi um novo reclame de margarina.
Abroquelar
Espeque ou supedâneo no artigo
Peça exordial ou vestibular
Ergástulo
Leitura:
“Data venia suso não”
DATA VENIA,
SUSO NÃO!
Armando José Farah*
Certa vez, no programa JUSTIÇA, apresentado pelo Juiz de Direito Túlio
Oliveira Martins, a UNITV entrevistou um professor de português, a respeito da linguagem jurídica e forense. Aquela entrevista me animou a escrever este comentário, cujo
texto
estava
esboçado
há
vários
meses
em
meu
computador, pois sempre tive preocupação, quase obsessiva, para expressar as idéias com clareza e pelo modo mais preciso possível.
No magistério universitário, essa preocupação aumentou, mormente pelo alarmante descuido e/ou despreparo da grande maioria dos estudantes em
relação a este tema, sem dúvida, importante para o estudo e o desempenho profissional. Aliás, em aula sempre enfatizei que, na área jurídica, é necessário professar-se intenso e genuíno culto pela palavra falada e escrita.
Não me refiro, é claro, à fala pedante, ao estilo gongórico ou à escrita confusa, esotérica ou mirabolante, pois, embora haja abundância de bebidas artificiais, a água pura e simples continua sendo a melhor para a fisiologia do corpo. Pois bem, salvo honrosas exceções, esse culto à boa linguagem rareia nos bancos acadêmicos e nos trabalhos forenses, com narrativas pobres ou
rebarbativas