direito

6090 palavras 25 páginas
PORTUGUÊS
Texto
Cinco anos em cinqüenta
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

"Não se promove a grandeza de uma nação com escrúpulos cretinos"
Nelson Rodrigues

Há 50 anos, no dia 31 de janeiro de 1956, Juscelino Kubitschek tomava posse como presidente da República do Brasil. Grande Juscelino! O seu lema, que traduzia muito bem o espírito do seu governo e, mais do que isso, o espírito do Brasil da época, ficou na nossa história: 50 anos em 5!
Hoje, o Brasil é outro. Parece que envelheceu prematuramente. Exibe todos os receios, as cautelas, os achaques, as queixas da idade avançada. Multiplicam-se os sintomas de perda de vitalidade e de autoconfiança. Por exemplo: quem dá as cartas no país, entra governo, sai governo, é a tribo tenebrosa dos economistas, especialmente aqueles que conseguem alojar-se no comando do Banco Central. Impera, conseqüentemente, o medo de crescer. Toda vez que a economia ameaça levantar a cabeça, o Banco Central se assusta e pisa forte no freio monetário.
No tempo de JK, os economistas não tinham o prestígio e o poder que viriam a adquirir depois. O Brasil nem tinha Banco Central! JK escutava os seus economistas, mas não se deixava dominar por suas preocupações senis com o equilíbrio e a estabilidade. Ele tinha a noção intuitiva de que desenvolvimento econômico não se faz sem desequilíbrios e instabilidade. Em outras palavras, ele sabia que o lema positivista, inscrito pelos republicanos na bandeira nacional, é intrinsecamente contraditório: não há progresso sem desordem.
Juscelino deixou a Presidência da República em 1961. Desde então, nunca mais conseguimos conciliar desenvolvimento com democracia. Foi desgraça atrás de desgraça.
Atravessamos uma grave crise política e econômica nos anos 60. Tivemos 20 anos de ditadura militar. No início dos anos 80, a economia entrou em uma longa fase de semiestagnação da qual ainda não conseguimos sair. A safra de presidentes civis foi pobre.
Quase se poderia dizer: depois de JK, foram

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