Direito
Mito n° 4: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”
Introdução:
“O preconceito lingüístico se baseia na crença de que só existe, como vimos no Mito n° 1, uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários.”
I. A transformação de “L” em “R” nos encontros consonantais como em Cráudia, chicrete, praca, broco, pranta considerada um sinal de atraso mental é apenas um fenômeno fonético (rotacismo) que contribuiu para a formação da própria língua portuguesa padrão. Sendo assim, seríamos forçados a admitir que toda a população da província romana da Lusitânia também tinha esse mesmo problema na época em que a língua portuguesa estava se formando.
Exemplo:
“Os Lusíadas”, poema de Camões, possui inúmeros casos de troca entre e , como em: frauta, frecha, ingrês, pranta, pruma, pubrica.
II. As pessoas que dizem Cráudia, praca, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite. Sua língua é considerada feia, quando é apenas diferente da língua ensinada na escola.
III. O preconceito lingüístico contra a fala característica de certas regiões.
Exemplo:
O modo como a fala nordestina é retratada nas novelas de televisão.
Conclusão: O preconceito lingüístico considera qualquer manifestação lingüística que escape do triângulo escola-gramática-dicionário errada e rudimentar.
Bibliografia:
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico o que é, como se faz: A Mitologia do Preconceito Lingüístico. 49 ed. São Paulo: Loyola, 1999.