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Editorial: Apogeu e queda
Aumento na duração da vida e queda nos nascimentos constituem dois traços marcantes das populações modernas. Quando o primeiro é mais veloz que o segundo, dá-se a explosão demográfica. Na fase seguinte, a longevidade esbarra em limites biológicos e avança mais devagar. A tendência então se inverte, e a população diminui.
O Brasil transita entre a primeira e a segunda fase. A esperança de vida ao nascer, segundo projeções atualizadas do IBGE, avançará 2,8 anos nesta década --para 76,7 anos-- e 1,9 na seguinte. Trata-se de um ritmo cadente, diante dos 4,1 anos adicionados no período de 2001 a
2010.
As mulheres em idade fértil, por sua vez, reduzem o número de bebês gerados. Eram em média
2,4 filhos por brasileira em 2000, taxa que baixou para 1,8 hoje e deverá cair mais daqui a dez anos, para 1,6. Índices inferiores a 2 --razão que estabiliza a quantidade de habitantes ao longo do tempo-- prenunciam queda populacional.
Em virtude disso, a inércia do passado de rápida dilatação já repercute pouco no volume da população. Ele se expande a taxas cada vez menores: 1,2% ao ano no decênio passado; 0,8% no atual; 0,5% no próximo. Vai parar de crescer, estima o IBGE, em 30 anos, quando os brasileiros somarão pouco mais de 228 milhões, ante 201 milhões hoje. De 2043 em diante, antevê-se diminuição paulatina.
Está em curso, pois, uma transformação tectônica no fator humano do desenvolvimento nacional.
No cotejo com a dimensão e as características do território, a população brasileira dificilmente ganhará escala para consumir os recursos naturais à disposição. O Brasil tende a diferenciar-se ainda mais nessa área, com seus estoques de água doce, energia, floresta e minérios, além da eficiente produção de alimentos.
Não será, contudo, apenas explorando a natureza que se vai desenvolver uma nação de quase
230 milhões de habitantes, 90% deles vivendo em cidades. Será necessário aproveitar o que resta do