Direito
UMA VIAGEM NO TEMPO
“A esperança, ao contrário do medo, não pode ser nunca uma emoção passiva.”
Tariq Ali
Novembro de 1989. As imagens da queda do muro de Berlim apresentam o fim de um ciclo e a fragmentação do socialismo no mundo. A multidão eufórica aplaude. O narrador (Paulo José) lança o grande dilema que devemos equacionar: “quando se põe abaixo um pedaço da história não se tem idéia de como tudo começou”. As imagens nos transportam para outubro de 1917... Os créditos iniciais do filme O Velho – A história de Luiz Carlos Prestes surgem num canteiro onde mudas de rosas estão sendo plantadas. A semente, o nascimento, a inocência...
Um documentário, uma vida, uma metáfora... O filme, roteiro de Di Moretti e direção de Toni Venturi, prende a atenção do espectador que abandona o papel distanciado de crítico e mergulha numa viagem histórica em busca das intenções dos personagens, dos começos e andamentos, dos desfechos, desencantos e possibilidades tantas vezes esquecidos no silêncio.
A família e a formação do jovem Prestes são os passos inaugurais. A forma disciplinada como irá guiar seus passos e muitas vezes seus erros é fortalecida em sua rígida educação.
Os capítulos se sucedem como a vida retratada: a inocência; a coragem; a esperança; a sombra; a maturidade, e o resto dos anos. A metáfora perfeita exalada do solo semeado com pequenas mudas. O jardim floresce num dia ensolarado quando todos os ideais e expectativas estão fortalecidos no amadurecimento de um mundo melhor. Coragem! Esperança!
O acirramento dos regimes socialista e capitalista, disputas políticas dentro do partido e no cenário nacional, relatórios que trazem à tona as faces ocultas dos mitos e as tantas intempéries a que está sujeito o homem político trazem sombras e trovoadas e arrancam as pétalas do combatente ao tempo que lhe endurecem as mãos com a determinação de continuar a plantação. Sombra!
Anos no exílio. Sucessivas lutas por uma